Depoimento – João Bosco de Moura e Silva

Tabelião do Cartório do 1° Ofício de Notas

 

Meu nome é João Bosco de Moura e Silva, nasci em 24 de janeiro de 1938 na Cidade de Serro, onde sempre residi com meus pais, Francisco de Moura e Silva e Violeta Pires de Melo e Silva, e meus 12 irmãos.

Quando criança, estudei no Grupo Escolar Dr. João Pinheiro, e posteriormente no Ginásio Ministro Edmundo Lins, onde tive o privilégio de ser aluno do meu grande amigo, Professor Geraldo de Azevedo Freire, pai do ilustre desembargador Dr. Armando Freire.

Quando adolescente, frequentava a Praça de Esportes de Serro e o Clube Ivituruy e, mais tarde, participei de suas respectivas diretorias, tendo sido presidente de ambos.

Comecei a trabalhar aos 16 anos no Cartório do 1° Ofício do Judicial e Notas como auxiliar do meu pai, que era o titular do referido Cartório.

Aos 18 anos, fui emancipado e nomeado Escrevente Juramentado do Cartório, onde trabalhei ao lado do meu pai até a sua aposentadoria. Assumi como interino e posteriormente a titularidade em 25/7/1961, por título de nomeação vitalícia assinado pelo então governador do Estado de Minas Gerais, Sr. José de Magalhães Pinto.

Quando assumi o posto de auxiliar, o Fórum era situado onde atualmente funciona a Policlínica Municipal, na Rua Luis Advíncula Reis, atrás da Igreja Matriz de Serro.

Mais tarde, foi transferido para o prédio da Cadeia Pública do Serro, funcionando na parte superior, enquanto a cadeia se manteve na parte inferior, hoje atual prédio do Fórum da Comarca de Serro.

Anos depois, a sede do Fórum foi transferida para o prédio da Prefeitura Municipal do Serro, na praça Dr. João Pinheiro, em seu andar superior. Posteriormente, retornou para a atual sede, e a cadeia foi transferida para um prédio construído exclusivamente para esse fim.

Todos os prédios onde trabalhei, com exceção do situado na Rua Luis Advíncula Reis, tinham salas amplas para os cartórios, para o gabinete do juiz e salão de júri, e trabalhávamos em um ambiente muito saudável, com grande amizade entre todos os colegas.

Durante os 40 anos em que atuei como Escrivão Judicial, convivi com muitos juízes, dos quais me tornei amigo, tendo vários deles se aposentado como desembargadores.

No ano de 1991, eu me aposentei do Serviço Judicial, e continuo exercendo o cargo de Tabelião do Cartório do 1° Ofício de Notas.

Em 1995, fui agraciado com a Medalha Desembargador Hélio Costa, motivo de muito orgulho.

Eu me recordo de um caso engraçado, entre vários outros que presenciei, quando, em uma sessão de júri, após ter dado a palavra ao Promotor de Justiça, o MM. Juiz deixou o salão do júri. Quando o Promotor terminou sua fala, o MM. Juiz não havia retornado, e procuravam por ele. Da janela do meu cartório, eu o avistei tranquilo em um pé de jabuticabas, em um quintal ao lado do Fórum, momento em que o chamamos.

Foi com muito orgulho e empenho que exerci minha profissão e me dediquei 40 anos à Justiça, sempre ajudando os menos esclarecidos e as pessoas que me procuravam.

Ao longo da minha trajetória, fiz grandes amizades, pelas quais tenho um grande carinho e de quem carrego lembranças até hoje.

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